E os outros, o que pensam?
Em seguida, fomos pesquisar, para descobrir o que os outros pensavam sobre o mesmo tema. Aqui vão alguns dos textos de que mais gostamos:
Juventude
"Sim, eu conheço, eu amo ainda
esse rumor abrindo, luz molhada,
rosa branca. Não, não é solidão,
nem frio, nem boca aprisionada.
Não é pedra nem espessura.
É juventude. Juventude ou claridade.
É um azul puríssimo, propagado,
isento de peso e crueldade."
Eugénio de Andrade
Adolescência
"Há no ar um teor de expectação,
Borbulhar de emoções imprevisíveis:
Vários níveis de amores... e desníveis...
Idas e vindas: jovem coração
Preso em mil barreiras intransponíveis.
Muitos amigos, rios de solidão,
Mal-entendidos, chances de perdão,
Prisões de orgulho e celas tão terríveis
Que libertar-se delas é sofrer!
Mas sofrimento também faz crescer...
E o orgulho sucumbindo à humildade
Cultivará nos outros a esperança
De que deixaste os erros de criança
E agora tens responsabilidade..."
Ederson Peka
O primeiro ataque da adolescência
"Hoje é um dia especial
Até que enfim, escola nova
Já a conheço afinal
Contudo, numa cova
Ao entrar na sala vi
Uma luz reluzente
Sentar-me perto dela consegui
Sempre discretamente
Depois da aula conheci
A rapariga certa da adolescência
No coração intervi
Para isto, não tenho paciência
Avisado, fui sempre
Que isto ia acontecer
Não posso deixar que me desconcentre
O que irei tecer?
Até hoje escondi
No fundo do meu coração
Resistir não consegui
A esta forte ilusão
A adolescência falou mais alto
Fui encantado pelo amor
Os meus nervos, exalto
Sempre que vejo, a menina de condor
A minha vida continua
Depois de a conhecer enfim…
A vida é tanto minha como tua
E a conto assim…"
Miguel Moreira
"Primeiro choro
Depois solto uma gargalhada
Os problemas ignoro
E a vida fica mais engraçada!
Para mim o tempo é escasso
Tenho pressa de viver
Às vezes nem sei o que faço
Porque amanhã poderei morrer.
A morte não me assusta
Um dia terei de partir
E o que mais me custa
É saber que de ninguém vou poder me despedir.
E que saudades vou sentir!
Sentir saudades de chorar
Ou de me divertir...
E principalmente de sonhar.
Cada dia que passa
É mais um que acabou de evaporar
Tudo o que ontem se perdeu, hoje já não se acha
E não vamos perder o amanhã a procurar.
A vida não é para viver?
Então mal ou bem está a ser vivida
O que não pode haver
É uma hora perdida.
Por isso torno a dizer
O que não hei-de esquecer
Depois de chorar
E de soltar uma gargalhada
Os problemas se ignoram
Para que a vida seja apenas mais engraçada!"
Alexandra
As Adolescentes
"A pele mosqueada da maçã reineta,
um ar vago e doce, feliz.
Subitamente correm como rapazes,
são a corda do arco
que se dilata e a seta do corpo
chega aos quinze anos,
quando abrem as ancas
e amam como se fossem mães."
António Osório
"Ó adolescência, amarga é a adolescência!
Por quê falar assim? Toda estação
produz seu fruto. Isto é sem exceção
e a adolescência é a fase da excelência,
período da fecunda incubação
do que há de mais sublime na existência
Só que as mudanças vêm em turbilhão
lançando os jovens perto da demência
E o trágico é que então ficam sozinhos
Ninguém os compreende nem ajuda
E nos jovens – ó drama! – tudo muda
Sem ninguém a mostrar-lhes seus caminhos
a cada qual compete decidir:
Sumir?! Ficar?! Lutar ou transigir?
Alguém, por acaso, não concorda em que a
adolescência é a fase de maior
desafio da vida humana?"
Autor desconhecido
Adolescência
"Olhar a foice e o martelo
fazia-me sentir grande…
Aí o mundo vinha, subia, encharcava-me
como baleia soberba, obesa,
jogava-se úmida, sebosa
e cheia de pelancas
sobre a novidade de meus braços.
E não aguentava
e era fraco
e não era devasso
e era pequeno,
e tão pequeno,
e tão miúdo
e de tamanho assim mundano
de tão distante…"
Danilo Vilela
Adolescência
"Cabelos leves de vento,
vento de sol, ouro e música,
boca úmida, alvorada,
canto de pássaro sem nome.
Mãos de sonho, vagas mãos
como desejo impossível,
pressentir como bailados,
- onde o palco iluminado?
Curvas, não formas, apenas
curvas despontando - geração.
Ritmo solto, avançando
pelo futuro talvez
ou pela rua dos olhos.
Riso, dor irrevelada,
canto efêmero, prenúncio,
mistério infinito do eco
múltiplo, pelos espelhos
se projetando no tempo.
Irrevelada brancura
passo no espaço, ascensão,
desejo, ah! o desejo é tudo
na louca metamorfose,
- sonho de asas, quase vida!"
(Poema de J.G. de Araújo Jorge extraído do livro
"Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"
Vol. II - 1a edição 1965)
"Idade primaveril,
as emoções afloram a mil
o coração está sempre em festa,
mas o adolescente, às vezes, contesta.
É espinha no rosto.
É atração pelo sexo oposto,
É a voz se alterando
E a paixão iniciando.
Ganha mais atenção a aparência.
Viver tem mais urgência.
Não é adulto, não é criança
Mas é evidente a mudança.
É a necessidade de responsabilidade.
É a busca da felicidade.
É a ciência da consciência.
É efervescência, é adolescência."
Josete
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